Com alguma frequência as instituições europeias são criticadas pelo regime linguístico e comparadas à metáfora bíblica da Torre de Babel.
É fácil arguir com os elevados custos da tradução e interpretação (cerca de um terço do orçamento do Parlamento Europeu) para defender a limitação das línguas de trabalho.
Há alguns anos, António Capucho, então vice-presidente do Parlamento Europeu, numa reunião do Bureau onde se defendia a limitação ao francês e inglês (regime linguístico do Conselho da Europa), escandalizou os alemães e os espanhóis quando, com ironia, se prontificou a votar favoravelmente a proposta se os franceses fossem obrigados a falar inglês e os ingleses obrigados a falar francês (para que todos os deputados ficassem em posição de igualdade, não falando na sua própria língua). Quando os ingleses e franceses afirmaram que não prescindiriam de falar a sua língua materna, Capucho afirmou que, assim sendo, ele também não prescindia do português.
O que pode ser, para uns, uma limitação da União é, para outros, uma das suas principais riquezas: a diversidade cultural e linguística.
Sem dúvida que reforça a cidadania europeia, o facto de os cidadãos poderem dirigir-se às instituições europeias na sua língua, receberem a resposta no seu idioma e poderem aceder à informação disponível nos sites e nas representações da UE numa língua que compreendem.
A expressão dos custos com a interpretação levou a administração do Parlamento Europeu a reduzir os canais de tradução direta (por exemplo, lituano-português, húngaro-finlandês etc.), escolhendo uma língua terceira que faz de ponte (por exemplo lituano-inglês-português).
Estas soluções poupam nos custos mas aumentam os riscos de perda de qualidade («tradutor-traidor»), além de prolongar na tradução simultânea o hiato de tempo entre a intervenção do orador e a compreensão por parte de todos os presentes na reunião.